
A Polícia Civil do Maranhão concluiu o inquérito sobre o assassinato do policial militar Geidson Thiago da Silva, no município de Trizidela do Vale, no Maranhão, na noite de 6 de julho, em uma vaquejada. As investigações concluíram que o prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier (PDT), disparou todos os tiros pelas costas da vítima.
Com a conclusão do inquérito policial, o prefeito foi indiciado por homicídio. Agora, cabe ao Ministério Público avaliar os dados da investigação para oferecer ou não a denúncia contra João Vitor.
O prefeito de Igarapé Grande está preso, de forma preventiva, desde o dia 15 de julho, quando se entregou à polícia. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), João Vitor está em uma cela individual com cama e banheiro.
Segundo testemunhas, João Vitor matou o PM durante uma confusão causada pelo fato de o policial ter pedido para o prefeito reduzir a luz dos faróis do carro, porque a luz forte estaria incomodando as pessoas no local.
A defesa do prefeito alega que João agiu em legítima defesa, pois o policial militar teria sacado uma arma durante a discussão. No entanto, a investigação da Polícia Civil concluiu que a vítima foi morta pelas costas.
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Prefeito de Igarapé Grande (MA), João Vitor Xavier, é acusado de matar a tiros o policial militar Geidson Thiago da Silva — Foto: Arquivo pessoal
Prisão aconteceu por força de mandado judicial

Prefeito João Vitor Xavier entra em viatura durante prisão em São Luís
O prefeito se entregou na sede da Polícia Civil, em São Luís, um dia após a Justiça aceitar o pedido de busca e apreensão e prisão preventiva realizado pela Delegacia de Pedreiras, que investiga o caso. No dia 14 de julho, o prefeito havia sido procurado na prefeitura e na casa onde mora em Igarapé Grande, mas não tinha sido encontrado.
João Vitor foi encaminhado a uma unidade prisional, em São Luís, após audiência de custódia. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) não informounsobre qual penitenciária o prefeito havia sido encaminhado.
O juiz Luiz Emilio Braúna Bittencourt Júnior determinou a prisão do prefeito com o objetivo de garantir a ordem pública e também para apreender a arma do crime, que ainda não foi localizada.
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Prefeito João Vitor Xavier se entregando à polícia — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Faróis do carro
Segundo testemunhas, João Vitor matou o policial durante uma vaquejada em Trizidela do Vale (MA), quando o PM Geidson Thiago, conhecido como ‘Dos Santos’, pediu ao prefeito para reduzir a intensidade dos faróis do carro, pois a luz estaria incomodando as pessoas presentes no local.
Relatos de testemunhas apontaram que houve uma confusão entre o prefeito e o PM, e João Vitor Xavier teria sacado uma arma e efetuado disparos contra o policial, que estava de folga. Os tiros teriam sido pelas costas.
O PM ainda chegou a ser socorrido e levado a um hospital em Pedreiras, mas devido à gravidade dos ferimentos, foi transferido para uma unidade com mais estrutura. No entanto, ele não resistiu e morreu durante o atendimento. O policial era lotado no 19º Batalhão de Polícia Militar. Ele foi sepultado no dia 8 de julho.
Prefeito havia apresentado à polícia, mas foi solto
Um dia após o crime, o próprio prefeito se apresentou, na Delegacia de Presidente Dutra, onde prestou depoimento, mas foi liberado. Segundo o delegado Ricardo Aragão, superintendente de Polícia Civil do Interior, ele não ficou preso, na época, porque ‘não havia flagrante’.
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Prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier, de 27 anos. — Foto: Divulgação/Redes sociais
Prefeito pediu licença remunerada do cargo
Antes de ser preso, o prefeito João Vitor pediu a licença médica alegando que iria cuidar de sua defesa e para ‘tratamentos psiquiátricos‘. O afastamento é pelo período de 125 dias (pouco mais de quatro meses), podendo ser interrompido com seu retorno a qualquer momento. Durante a licença, João Vitor vai continuar recebendo mensalmente o salário como prefeito, de R$ 13.256,08 (líquido).
No documento, o prefeito alegou que está “profundamente abalado (…), circunstância que demanda cuidados médicos específicos, sobretudo por ser um paciente bariátrico”, disse.
No dia 9 de julho, a Câmara Municipal de Vereadores de Igarapé Grande aceitou o pedido de licença, por unanimidade, e empossou a vice, Maria Etelvina.
O que diz a defesa
A defesa do prefeito alega que João agiu em legítima defesa, pois o policial militar teria sacado uma arma durante uma discussão relacionada ao farol ligado do carro do prefeito. No entanto, a investigação da Polícia Civil concluiu que a vítima foi morta pelas costas.
No depoimento prestado à Polícia Civil, João afirmou que jogou a arma no local do crime, mas o armamento ainda não foi encontrado. Imagens de uma câmera de segurança (veja abaixo), registradas no dia do crime, também não mostram o prefeito descartando a arma em nenhum ponto da cena.

Prefeito de Igarapé Grande é suspeito de matar PM em vaquejada
Em relação à posse da arma, João afirmou que o revólver calibre .38, utilizado no crime, havia sido adquirido há dois anos, como um presente de um eleitor. O prefeito também declarou que a arma não possuía registro nem autorização para posse.
Uma das imagens coletadas pela polícia mostra um homem, que seria o prefeito João Vitor, se dirigindo até um carro preto, de onde parece pegar um objeto. Em seguida, ele caminha em direção a um grupo de pessoas, onde há uma aglomeração e, por fim, corre de volta ao veículo e vai embora.
De acordo com o delegado de Pedreiras, Diego Maciel, as imagens foram registradas no local da vaquejada onde estavam o policial militar e o prefeito.