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São Luís (MA), 9 de outubro de 2024

Como Pelé, os feitos de Zagallo, ‘o Velho Lobo’, jamais serão esquecidos

Fato repercute mundialmente, pelas conquistas em campo, coragem e irreverência ao longo da vida

Um dos maiores nomes da história do futebol viu o apito final de sua vida ser dado neste dia 6 de janeiro de 2024, aos 92 anos de idade. Mário Jorge Lobo Zagallo. O anúncio foi feito no perfil de uma rede social do tetracampeão. A causa da morte não foi divulgada. Como Pelé, os feitos de Zagallo no futebol brasileiro e mundial jamais serão esquecidos. (Com informações do UOL)

Adeus ao Velho Lobo

Zagallo ganhou o mundo com o futebol — seja dentro de campo ou fora dele. O Velho Lobo é, até hoje, o maior vencedor de Copas do Mundo, com dois títulos como jogador, um como treinador e um como coordenador técnico.

Além das quatro façanhas, ele treinou o Brasil nas edições de 1974 e 1998 e fez parte da comissão técnica no mundial de 2006, ao lado do também multicampeão Carlos Alberto Parreira.

A vitoriosa carreira rendeu a Zagallo a mais alta honraria da Fifa: o prêmio de Ordem de Mérito da entidade, concedido em 1992. O brasileiro, aliás, tornou-se o primeiro esportista da história a receber a condecoração.
O alagoano-carioca que viu o Maracanazo de perto

Mário Jorge nasceu em 9 de agosto de 1931 e, com menos de um ano, passou a morar no Rio de Janeiro. Foi no bairro da Tijuca que ele deu seus primeiros passos, e o primeiro time não poderia ser outro: o América…

O tradicional clube da zona norte recebeu o jovem canhoto, que demonstrou habilidade na peneira e passou, mesmo com a inicial desaprovação do pai, a integrar as equipes de base já adolescente.

Em meio ao futebol, Zagallo passou a atuar como soldado da Polícia do Exército e, aos 19 anos, participou de sua primeira Copa do Mundo — mesmo que indiretamente.

O então soldado estava no Maracanã no fatídico 16 de julho de 1950, quando Ghiggia calou um Maracanã abarrotado e tirou o mundial do Brasil, no episódio que é conhecido por “Maracanaço”.

“Os lencinhos brancos que a torcida acenou para receber a seleção na saída do vestiário para o jogo serviram para enxugar as lágrimas depois da derrota. Mas eu não chorei, mantive a postura de um soldado” – Zagallo em 2014.

Ghiggia e Zagallo conversam no gramado do Maracanã em 2014; estádio sediou final de 50

O ponta do Flamengo, do Botafogo e da seleção

O ano de 1950 também serviu para Zagallo deixar o América rumo ao Flamengo. Com o ponta-esquerda — que ficou conhecido como “Formiguinha — no elenco, o clube faturou o tricampeonato carioca (53, 54 e 55).

Zagallo, quando jogador, com a camisa do Botafogo
Imagem: Divulgação/Botafogo

Ele ficou no rubro-negro até 1958, assinou com o Botafogo e ganhou uma série de outros títulos, encerrando sua trajetória vencedora como atleta entre 1965 e 1966.

A cereja do bolo do atleta Zagallo ficou com o bicampeonato mundial: o ponta fez parte das seleções que que conquistaram o mundo tanto em 1958 quanto em 1962 e fez, ao lado de Pelé, história — das grandes

O técnico de (quase) todos

Aos 34 anos, o jogador do Botafogo virou treinador… do Botafogo. Ele iniciou sua triunfal carreira no clube carioca e acumulou dezenas de trabalhos.

Além de comandar os quatro times do Rio, Zagallo se aventurou no Kuwait, na Arábia Saudita e nos Emirados Arábes entre o fim dos anos 70 e início dos anos 90.

Foi na seleção, no entanto, a maior identificação. Apaixonado pela amarelinha, o alagoano-carioca comandou o histórico esquadrão da Copa de 1970 e tornou-se o técnico que mais vezes dirigiu o Brasil.

O amor pela camisa brasileira rendeu mais um título: em 1994, ele atuou como coordenador técnico do elenco que tornou-se tetracampeão mundial

Parreira, Zagallo e Coutinho, membros da comissão técnica do Brasil na Copa de 1970 Imagem: Arquivo pessoal/Família de Cláudio Coutinho.

O homem das frases e do número 13

Zagallo sempre foi um personagem autêntico e supersticioso. Desde a época de jogador, ele adotou o 13 como número da sorte.

A obsessão tem a ver com Alcina, que fisgou o coração do ainda atleta nos anos 50. Devota de Santo Antônio, ela se casou com o Velho Lobo no dia 13 de janeiro de 1955 — a esposa do Velho Lobo morreu em 2012.
O 13 serviu para marcar vários momentos de Zagallo: o nome “Roberto Baggio”, italiano que chutou para fora e garantiu o tetra tem 13 letras, assim como “Brasil campeão” e “Argentina vice”, como ele mesmo brincou nos anos 2000.

As frases do multicampeão também ganharam o mundo. A mais famosa delas certamente é a célebre “Vocês vão ter que me engolir”, proferida aos gritos após a conquista brasileira da Copa América de 1997 — o momento de êxtase foi, na verdade, um desabafo por toda pressão que vinha sofrendo no cargo de treinador.
Zagallo Eterno: 13 letras

Zagallo deixa quatro filhos, além de netos, bisnetos e uma legião de brasileiros que se tornaram fãs do esporte que tem o alagoano-carioca como um dos gigantes de sua história. A estátua do Velho Lobo, no entanto, será eterna: ele ganhou, nos últimos anos, homenagens tanto do Botafogo quanto da CBF e já faz parte da galeria dos imortais do futebol.

Zagallo ganhou estátua na CBF em 2022 – Imagem: Lucas Figueiredo/CBF


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