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São Luís (MA), 13 de abril de 2024

Medida 'extrema': Estados querem atender em casa infectados pelo coronavírus

Secretarias estaduais de Saúde se preparam para enfrentar um eventual agravamento da contaminação do novo coronavírus no País planejando atendimento domiciliar e suspensão de tratamentos e cirurgias agendadas para a liberação de leitos.
Coronavírus no Brasil

Secretarias estaduais de Saúde se preparam para enfrentar um eventual agravamento da contaminação do novo coronavírus no País planejando atendimento domiciliar e suspensão de tratamentos e cirurgias agendadas para a liberação de leitos. O Brasil tem atualmente 252 pacientes sob investigação e dois confirmados com a doença. Em Minas, está previsto até um hospital de campanha.

A chegada ao País do novo coronavírus, que teve seu segundo caso confirmado em São Paulo anteontem, colocou a estrutura de saúde no nível “perigo iminente”, um estágio abaixo do limite para a declaração de emergência por circulação por contaminação interna da doença no País. Com 252 pacientes sob investigação em 15 Estados, mais o Distrito Federal, as secretarias estaduais de Saúde se preparam para enfrentar um eventual agravamento do quadro, planejando atendimento domiciliar e até a suspensão de tratamentos e cirurgias agendadas para a liberação eventual de leitos.

“Esse cancelamento de procedimentos eletivos é uma possibilidade extrema, sempre cogitada quando há muitos casos de urgência”, explica o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, titular de Saúde do Pará. “Isso só ocorrerá se houver uma sobrecarga de casos graves, coisa que, neste momento, não há como estimar.”

Com a maior concentração de casos suspeitos no País, o Estado de São Paulo tem ainda 136 pacientes em avaliação. De acordo com o governador João Doria (PSDB), o Estado “vai investir R$ 30 milhões em um programa de prevenção do coronavírus”, dos quais R$ 14 milhões serão destinados a uma campanha de conscientização a ser veiculada em meios de comunicação e redes sociais. A ação será iniciada na próxima semana. “Os R$ 16 milhões restantes serão utilizados para apoio operacional”, informou.

O segundo colocado com maior concentração de casos suspeitos é o Rio Grande do Sul, com 27 pacientes em observação. De acordo com as autoridades gaúchas, não há investimento em equipes para atendimento domiciliar. Em Minas, porém, que conta 17 pacientes sob suspeita, as equipes técnicas do setor incluíram em seu plano de contingência a criação de times médicos e de enfermagem com até sete profissionais, cada uma com custo semanal de R$ 39 mil. “São necessários um coordenador médico; um coordenador de enfermagem; um médico plantonista por turno de 6 ou 12 horas; um enfermeiro plantonista por turno de 12 horas; um técnico em enfermagem plantonista por turno de 12 horas; um técnico de enfermagem para transporte na ambulância; e um motorista”, prevê.

O plano do governo mineiro considera ainda, no nível 3, com cenário agravado, a criação de um “hospital de campanha”. Para cada 15 leitos extras, o plano prevê 18 profissionais, 6 deles médicos. Além disso, o documento mineiro estabelece uma lista de materiais, como aparelho de pressão arterial, estetoscópio, máscaras N-95, máscaras cirúrgicas, termômetros, luvas, óculos de proteção, lanternas, kits para coleta de amostras, álcool, capotes e sacos plásticos para material infectado, além de receituários.

A preocupação com o vírus cresceu também na Bahia, com nove casos suspeitos. No início de fevereiro, durante a reunião do Conass em Brasília, que tratou dos planos de contingência, o secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas, defendeu que o repasse de recursos adicionais aos estados fosse na casa dos R$ 600 milhões para a intensificação do plano de emergência de vigilância sanitária no País.

Planejamento. “Como todo plano de contingência, são traçados vários cenários e temos de pensar em tudo, desde uma situação mais leve até situações mais críticas”, explica o presidente do Conass, comentando as propostas. De acordo com Beltrame, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, “já adiantou a intenção de colocar mil UTIs extras no sistema, ou seja, mil conjuntos de equipamentos para reforçar o sistema, em caso de necessidade” e ações com a indústria – para obter máscaras, por exemplo – também já avançaram.

Beltrame voltou a destacar que, embora o País não esteja vivendo uma situação de epidemia, o governo federal garantiu que repassaria os recursos necessários para de custeio. “O ministro não disse quanto. Mas estamos confiantes. Tenho dito que o Brasil tem uma vantagem em relação a maior parte dos demais países. Temos o SUS (Sistema Único de Saúde). Isso nos dá a articulação necessária entre todos os gestores para enfrentar uma situação de emergência em saúde pública. Nos reunimos regularmente uma vez por mês. O SUS tem outra vantagem – gratuidade e universalidade do atendimento. Isso vale para todos. Atende a todos. Envolve inclusive a rede privada, que adota os mesmo critérios de vigilância, prevenção e eventual tratamento dos casos.”

Cirurgias. No Rio de Janeiro, as autoridades também desenharam um mapa da situação de cada uma das unidades hospitalares, número de leitos, localização e situação, classificando as situações por Nível Zero, 1, 2, 3 (contingência máxima). No caso de um agravamento rápido do quadro, locais como o Hospital Anchieta contam com 60 leitos em fase de contratação. Nos Hospitais Municipal Ronaldo Gazolla, dos Servidores do Estado, da Lagoa e Alberto Torres pode haver “suspensão de cirurgias” programadas.

O secretário de Saúde do Rio, Edmar Santos, ainda anunciou que, de 30 a 40 dias, haverá um hospital com 75 leitos que poderão ser dedicados exclusivamente às vítimas do Covid-19, algo semelhante ao feito na China, e alvo de críticas de especialistas (mais informações nesta página). Ele não quis revelar, porém, onde será a nova unidade, para não forçar uma demanda.

O mapeamento do sistema ocorre também no Ceará. O Estado tem 145 hospitais com 1.475 respiradores e ventiladores, sendo 1.337 aparelhos em uso. A maior concentração de leitos e equipamentos está nas 44 unidades da capital, Fortaleza, mas o Estado tem uma rede com capacidade de 53 centros médicos, nos quais há 110 leitos para isolamento de pacientes, 93 deles no SUS.

A orientação para as equipes médicas cearenses é a de que casos graves de infecção sigam para isolamento nos seguintes hospitais: São José de Doenças Infecciosas, de Fortaleza; Hospital Regional Norte, de Sobral; Hospital Regional do Sertão Central, de Quixeramobim; e Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte.

Menor impacto. Em Goiás, apenas dois casos são suspeitos, um homem e uma mulher, que aguardam diagnóstico. Outros três casos contabilizados pelo Ministério já foram descartados por exames no Estado, cujos resultados foram concluídos na tarde de sexta-feira – embora ainda aparecessem no quadro oficial ontem. Já em Mato Grosso, um dos que não registram nem suspeitas da doença, o governo informou, em nota, que a estrutura hospitalar permanece em alerta, com o Hospital Universitário Júlio Müller como referência e com uma unidade de retaguarda, que é o Hospital Estadual Santa Casa.

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