Padilha desiste de ir a Nova York após restrições e manda duro recado aos EUA
Alexandre Padilha, ministro da Saúde, desistiu de viajar para Nova York, onde participaria da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), a partir deste fim de semana. Ele chegou a fazer uma nova solicitação de visto, concedido nesta quinta-feira (18), mas com uma série de restrições.
“São inaceitáveis as condições. As restrições não são feitas a mim enquanto pessoa. As restrições são contra o ministro da Saúde do Brasil. Essas restrições, na prática, impedem duas participações muito efetivas. Primeiro, na Assembleia-Geral da Opas, que acontece em Washington, logo depois da ONU. O Brasil ia anunciar mais um apoio financeiro ao fundo rotatório da Opas para compra de vacinas e medicamentos para o câncer que iam baratear aqui no Brasil e o conjunto das Américas. Também impedem participação em reuniões fora da estrutura da assembleia da ONU. Presido a parceria dos Brics na área da saúde”, declarou Padilha, em entrevista à GloboNews.
Um comunicado encaminhado à representação diplomática do Brasil, nos Estados Unidos, havia informado que os deslocamentos de Padilha e de seus familiares estariam restritos a determinados locais, como sede das Nações Unidas, missão permanente do Brasil junto à ONU e residência oficial do embaixador brasileiro para as Nações Unidas, além do hotel.
Fontes do Itamaraty afirmaram a Jamil Chade, no UOL, que tinham recebido indicações de que Padilha não viajaria mais. O visto dado pelo governo Trump foi considerado “inaceitável” no governo brasileiro. Além disso, se submeter às condições impostas seria um “ato de humilhação”, na avaliação de diplomatas. O ministro confirmou a informação em seguida.
Afronta
De acordo com a medida, Padilha não poderia deixar um perímetro de cinco quarteirões dos endereços citados. A exceção se daria apenas em caso de necessidade de atendimento médico de emergência.
A afronta é tamanha que, caso o ministro da Saúde resolvesse comparecer a outros endereços, o governo brasileiro precisaria enviar uma solicitação “com a devida justificativa” para o governo Trump, com dois dias de antecedência, para análise.