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São Luís (MA), 26 de maio de 2025

Após eleição solitária, roraimense Samir Xaud assume presidência da CBF.

Candidato único, empresário Samir Xaud é eleito presidente da CBF, apoiado por 26 federações.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) elegeu neste domingo (25) o médico e empresário Samir Xaud como presidente. Ele recebeu votos de 26 federações e 20 clubes e assume o cargo imediatamente.

Xaud havia sido eleito em janeiro desse ano para substituir seu pai, Zeca Xaud, no comando da Federação Roraimense de Futebol. Agora, Samir não assume o cargo na Federação Roraimense.

Os 21 clubes que apoiavam a candidatura de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, não estiveram presentes na reunião. Reinaldo não conseguiu avançar e chegar às eleições porque a chapa dele não obteve o apoio mínimo de oito federações, conforme determina o estatuto.

Samir Xaud foi apoiado por 25 confederações e 10 clubes. O médico deve assumir o posto que ficou vago após o afastamento do ex-presidente da CBF Ednaldo Rodrigues. Ele foi afastado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por suposta falsificação em uma das assinaturas do acordo feito em fevereiro com ex-dirigentes da CBF que manteve o presidente no poder. Ednaldo foi o quinto presidente da CBF a ser removido do cargo nos últimos 7 mandatos.

Em sua campanha, Xaud defende a profissionalização da arbitragem, o fortalecimento do futebol feminino e uma gestão que priorize todas as regiões do país. A expectativa nos bastidores é de uma gestão mais próxima das federações regionais, já que essas instituições deram sustentação à sua candidatura.

Como é feita a votação?

A votação ocorre somente de forma presencial e por meio de urnas eletrônicas. Participam da eleição os seguintes eleitores:

  • 27 federações estaduais (voto com peso 3);
  • 20 clubes da Série A do Brasileirão (peso 2);
  • 20 clubes da Série B (peso 1).

Com essa composição, um candidato que recebe apoio de pelo menos 23 federações já alcança 69 votos, o suficiente para vencer mesmo sem apoio de clubes.

Processo eleitoral e racha

Ainda que a eleição deste domingo, às 10h30, na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no Rio de Janeiro, tenha sido uma formalidade para aclamar Samir de Araújo Xaud, 41, como presidente da entidade, ela vai evidenciar um racha entre clubes e a confederação.

Médico, nascido em Boa Vista, capital de Roraima, recém-eleito para comandar a federação de seu estado a partir de 2027, Xaud teve seu nome lançado como candidato ao cargo na CBF menos de 24 horas após Ednaldo Rodrigues ter sido afastado da cadeira de presidente, por decisão da Justiça do Rio.

Desconhecido no cenário nacional, Samir Xaud conseguiu, menos de 48 horas após a saída de Rodrigues, reunir o apoio de 25 das 27 federações estaduais, o que inviabilizou a tentativa de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), de participar do pleito.

Pelo estatuto vigente na entidade, um candidato precisa do apoio de, no mínimo, oito federações e cinco clubes para formar uma chapa. Somente as entidades que comandam o futebol de São Paulo e de Mato Grosso não se juntaram ao bloco de Samir, que atraiu também dez times, sendo quatro da Série A: Vasco, Botafogo, Palmeiras e Grêmio.

O sistema eleitoral da CBF prevê, ainda, uma peso maior às federações na contagem dos votos. No pleito, times da Série A têm peso 2, equipes da Série B têm peso 1 e as federações têm peso 3.

As exigências para formação da chapa, assim como o peso dos clubes, são motivos de críticas por parte das equipes. Um grupo de 21 clubes decidiu nem participar da votação por discordar desse sistema.

Entre os times da Série A, fazem parte do bloco: Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Internacional, Mirassol, Santos, São Paulo e Juventude. Da Série B assinaram: América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Botafogo-SP, Chapecoense, Coritiba, Cuiabá, Goiás, Novorizontino, Sport e Operário-PR.

Em nota conjunta, os clubes afirmaram que não concordam com o processo vigente: “Estaremos prontos para conversar com a nova gestão, a partir da próxima semana, para que juntos possamos debater como mudar o processo eleitoral e outras demandas dos clubes em prol de um futebol cada vez melhor”.

O rápido processo eleitoral na CBF e a limitada representatividade dos clubes irritaram muitos dirigentes.

“Quase 75% dos clubes demonstraram desejo legítimo [de ter um candidato], e esse desejo não pode nem ir ao pleito, não pode nem ser disputado. O modelo eleitoral atual não foi feito para que a vontade dos clubes possa prevalecer”, afirmou Marcelo Paz, presidente do CNC (Conselho Nacional de Clubes) e da LFU (Liga Forte União) e CEO do Fortaleza.

“Os clubes exigem protagonismo maior. São os clubes que têm os torcedores, não existe um torcedor de federações”, acrescentou Alessandro Barcellos, presidente do Internacional.

A despeito das críticas, no lançamento de sua candidatura, a chapa de Samir Xaud afirmou que o bloco nasceu “com o compromisso de transformar a administração do futebol por meio da transparência, da inclusão e da modernização da gestão”.

Presidente da Federação Paraense, Ricardo Gluck Paul, afirmou que todos são “sócio da mesma dor” e que acredita que “esse distanciamento inicial vai sendo superado à medida que o diálogo se estabelece com mais transparência e firmeza”. Paul será um dos oito vice-presidentes da CBF.

O mandato do novo presidente da CBF será vigente de 2025 a 2029.

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