Aporte é o maior já feito pela Noruega em conservação e reforça iniciativa liderada pelo Brasil durante a COP30, em Belém

A Noruega anunciou nesta quinta-feira (6/11) que destinará 30 bilhões de coroas norueguesas – o equivalente a US$ 2,9 bilhões – ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Facility – TFFF), mecanismo internacional proposto pelo governo brasileiro para financiar a conservação de florestas tropicais em todo o mundo.
O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Jonas Gahr Støre durante a Cúpula de Líderes da COP30, realizada em Belém (PA). Segundo o premiê, o novo fundo “poderá garantir financiamento estável e de longo prazo aos países que preservam suas florestas”, uma medida que considera “vital para conter o desmatamento e reduzir os impactos das mudanças climáticas”.
“Proteger as florestas tropicais é um investimento em nosso futuro comum. Este fundo ajudará a proteger ecossistemas vulneráveis, essenciais para mitigar a crise climática e ambiental global. Esperamos que mais países também contribuam com financiamento”, afirmou o ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Andreas Bjelland Eriksen, em comunicado.
A Noruega, tradicional parceira do Brasil em políticas de conservação – e o maior doador histórico do Fundo Amazônia –, fará os repasses em empréstimos graduais ao longo de 10 anos, com vencimento até 2075.
O valor representa o maior investimento da história do país em iniciativas ambientais internacionais.
Condições e metas
Os empréstimos noruegueses estarão condicionados a metas de governança e sustentabilidade. Entre elas:
- Que o fundo capte ao menos 100 bilhões de coroas norueguesas de outros doadores até 2026;
- Que a participação norueguesa não ultrapasse 20% do total;
- Que o modelo de financiamento mantenha um nível de risco aceitável;
- Pelo menos 20% dos recursos transferidos deverão ser destinados a povos indígenas e comunidades locais, que atuam na linha de frente da proteção florestal.
No longo prazo, o TFFF pretende tornar-se autossustentável, dispensando novas contribuições governamentais.
Brasil lidera proposta
O TFFF foi idealizado pelo governo brasileiro visando criar uma estrutura permanente de financiamento global para florestas tropicais, tratando sua preservação como um ativo de valor econômico e não somente uma responsabilidade dos países que as abrigam.
Tal modelo aplica uma lógica de mercado ao financiamento climático: o fundo pretende captar cerca de US$ 125 bilhões em investimentos privados, que serão reinvestidos em projetos sustentáveis.
Os rendimentos excedentes serão destinados a remunerar financeiramente os países que conservam suas florestas, de forma proporcional à área preservada.
O Brasil e a Indonésia já haviam confirmado aportes de US$ 1 bilhão cada, enquanto Portugal anunciou 1 milhão de euros.
Augusto TenórioManuela de Moura/Metrópoles










