
Ao menos 60 suspeitos e 4 policiais morreram nesta terça-feira, 28, durante uma megaoperação no Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha contra o Comando Vermelho (CV). A facção reagiu e lançou bombas por meio de drones, o que transformou a região em um cenário de guerra, com reflexos em importantes vias da cidade, como a Avenida Brasil e a Linha Amarela. A operação foi a mais letal da história do Estado do Rio de Janeiro.
No total, cerca de 2,5 mil policiais civis e militares participaram da ofensiva. No Alemão e na Penha, pelo menos 87 escolas tiveram as atividades afetadas – 48 nem chegaram a abrir. O total de alunos impactados foi de 29 mil.
Além do clima de medo nas favelas, houve bloqueios em importantes vias da cidade, como a Avenida Brasil, a Linha Amarela, entre outras.
À tarde, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou que ao menos 31 fuzis foram apreendidos na operação. Segundo ele, também policiais civis e militares foram baleados na ação, mas não há balanço de feridos. Um dos agentes mortos é Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, da 53ª DP (Mesquita).
A ação, que repete cenas de guerras, expõe o poder crescente do crime organizado no País e as dificuldades do poder público de reprimir o narcotráfico, com efeitos violentos para os moradores das comunidades pobres.
“Estamos em estado de atenção e alerta para possíveis retaliações. A polícia está toda na rua e todos os batalhões estão em prontidão”, afirmou Castro.
O governo do Rio afirma que solicitou ajuda federal em uma operação anterior contra o CV, mas teve o pedido negado. O Ministério da Justiça, em nota, diz que tem atendido todos os pedidos de apoio da Força Nacional desde outubro de 2023. O Estadão apurou que não chegou pedido de reforço ao Comando dos Fuzileiros Navais.
“São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem. Casas construídas de forma irregular, becos que é impossível fazer o patrulhamento”, disse Victor Santos, secretário da Segurança Pública do Rio.
Nas comunidades, os moradores relataram pânico. “Algumas casas foram destruídas com bombas. Cenário de guerra”, relatou ao Estadão a professora Suellen Gomes, de 30 anos.
“Isso causa risco maior à população e obviamente aos policiais. Esses criminosos dominaram essa região. Hoje, por exemplo, utilizaram drones lançando artefatos explosivos contra os policiais e a população. Essa é a realidade, esse Estado de Guerra que a gente vive no Rio de Janeiro”, continuou.
A ação, que também conta com o apoio de promotores do Ministério Público Estadual, foi deflagrada a partir de mais de um ano de investigação e mandados de busca e apreensão e de prisão obtidos pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
Policiais militares do Comando de Operações Especiais e das unidades operacionais da PM da capital e região metropolitana participam das ações.

Já a Polícia Civil mobilizou agentes de todas as delegacias especializadas, distritais, da Core, do Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e da Subsecretaria de Inteligência.
A Operação Contenção é reforçada com tecnologia avançada, incluindo drones, dois helicópteros, 32 blindados terrestres, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM e ambulâncias para resgate.







