Congressista, de 72 anos, está em tratamento contra um tipo de tumor raro e agressivo. A entrevista foi publicada hoje (19.11), em O Globo
A deputada federal e ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (MDB-MA), 72 anos, disse não ter medo da morte. A congressista está licenciada da Câmara para o tratamento contra um câncer de mama triplo-negativo, um tipo de tumor raro e agressivo. Ela realiza sessões de quimioterapia e imunoterapia.
“Todo mundo tem que se preparar para ela. A morte pode acontecer a qualquer momento, com qualquer um de nós. O que eu não quero é sofrer”, declarou em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 4ª feira (19.nov.2025).
“Eu decido a minha vida, se quero continuar vivendo. Já falei para meu marido isso tudo. Uma das minhas avós passou 7 anos sem saber quem ela era no fim da vida. Para quê? Ficar sem poder de decisões é um pesadelo para quem for tomar conta de mim. Não quero isso. Mas vou batalhar com esse câncer, vamos ver quem será vencedor. Espero que seja eu”, disse.
A entrevista foi realizada no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, 2 dias antes de Roseana receber mais uma rodada de medicação. “Vou completar a 12ª sessão dessa 1ª etapa. Depois serão mais 4 sessões a cada 21 dias, com outra medicação e, com outra medicação e, no início do ano que vem, vou passar por uma cirurgia”, declarou a congressista.
Roseana Sarney tem um histórico de doenças que inclui câncer de mama em 1998, 2002 e 2025 (câncer triplo negativo). Ela também enfrentou problemas de saúde como cistos ovarianos e apêndice (em 1973), nódulos no intestino (1998) e aneurisma cerebral em 2009, que a levaram a realizar múltiplas cirurgias ao longo dos anos
“Já tive de receber transfusão de sangue”, afirmou. “Costumo dizer que esse é um tratamento para gente grande”, disse. Roseana tem problemas oncológicos desde jovem. Foi diagnosticada com a doença em 1998. Em 2002, quando participava da campanha presidencial, recebeu novo diagnóstico de câncer de mama. Na ocasião, precisou passar por cirurgia para retirada de nódulos em ambas as mamas.
Perguntada sobre como é enfrentar mais uma vez o diagnóstico, ela respondeu: “Passar por um câncer aos 70 anos é diferente, o corpo está mais debilitado. Não sou mais criança. Sem dúvida o desafio é maior. Mas minha cabeça é muito boa. Tenho momentos de tristeza, mas não são desesperadores”.
Roseana disse ter tido alguns sintomas, como coceira, manchas na pele, perda de paladar e apetite.
“Estou com um pouco de dificuldade de atenção, praticamente não leio mais, nem vejo filmes ou séries. Programas de culinária, decoração e futebol me distraem. Me faz muito bem andar. Caminho em casa, dou uma volta no quarteirão ou nos corredores do hospital”, declarou….
Segundo a congressista, ela segue trabalhando, mas em um ritmo menos acelerado. “Tenho acompanhado as notícias, a COP [Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática], as pesquisas políticas. Semana passada tive reunião com o Baleia [Rossi, presidente do MDB]. O ritmo do trabalho diminuiu, mas não parei”, disse.
Sobre sua decisão de não usar peruca, ela afirmou ter sido “libertadora”. “Comprei uma peruca no mesmo dia em que decidi raspar a cabeça. Mas quando cheguei em casa, pensei: ‘Por que vou usar isso?’ Tirei e nunca mais usei. Você não imagina como foi libertador. Não sinto falta do cabelo, pelo contrário, é um alívio, para mim, não ter que cuidar, me preocupar com a queda”, disse.
Roseana é filha do ex-presidente José Sarney, de 95 anos. Ela disse que o pai ficou “bastante abalado” quando soube do câncer da congressista. “Meu pai é muito apegado a mim, sou filha única [é a única mulher. Tem 2 irmãos homens: Fernando e José Sarney Filho]. Para ele sou ainda uma menina. Ele ficou bastante abalado, com medo, e foi para o lado religioso”, afirmou.
“Minha mãe [Marly Sarney] falou uma frase de que eu gosto muito. Ela disse que eu só tenho medo do desconhecido. E agora estou de frente para o desconhecido. Minha grande preocupação é não mudar a vida da minha família”, declarou.
Histórico
Roseana Sarney tem um histórico de doenças que inclui câncer de mama em 1998, 2002 e 2025 (câncer triplo negativo). Ela também enfrentou problemas de saúde como cistos ovarianos e apêndice (em 1973), nódulos no intestino (1998) e aneurisma cerebral em 2009, que a levaram a realizar múltiplas cirurgias ao longo dos anos.
Na verdade, ela passou pela primeira operação aos 19 anos, quando estudava na Suíça. Na época tirou o apêndice e um cisto no ovário. Nos anos seguintes fez cirurgias para tentar engravidar, tirar nódulos no intestino. O pior quadro correu em 1998, quando tentava se reeleger ao governo do Maranhão. Foram quatro operações: removeu um nódulo no pulmão, tumor na mama e tirou o útero. A quarta operação foi motivada por aderências no intestino. “Uma cirurgia difícil, de quase oito horas”, disse à época Raul Cutrait, médico que a operou
