Felipe Camarão (PT) quer ser o nome da esquerda na disputa estadual em 2026, mas o governador Carlos Brandão (PSB) sinaliza indicar seu sobrinho para sucedê-lo no cargo.

O vice-governador Felipe Camarão (PT) disse em entrevista à Folha de São Paulo que o racha no grupo que dá apoio a Lula no Maranhão pode comprometer a reeleição do petista no ano que vem, seja por reduzir a votação dele no Estado ou por colocar no governo estadual um nome não alinhado ao presidente. De acordo com o petista, o entendimento firmado em 2022 previa que Brandão deixaria o cargo para disputar o Senado em 2026, apoiando o atual “número dois” ao Palácio dos Leões.
Para Camarão, contudo, o movimento está sendo ignorado com a colocação da pré-candidatura do secretário Orleans Brandão (Assuntos Municipalistas), sobrinho de Carlos Brandão, já em campanha aberta pelo Maranhão inteiro.
A entrevista foi publicada no domingo (13), o que ensejou que o governador Carlos Brandão (PSB), visivelmente em rota de colisão com o grupo de Camarão e, de resto, com todos os que ainda seguem a cartilha de Flávio Dino no Estado, rebatesse, embora não mencionando seu vice, os argumentos do petista. Ele usou a plataforma “X” para dar o contraponto. Segundo Brandão, nos discursos que faz, desde que assumiu o governo, sempre batem na tecla que trabalha pela “unidade e parceria”. “Prova , disso é que temos a meta de receber os 217 prefeitos do Maranhão, independentemente de lado político”.
E acrescenta Brandão: “O presidente Lula é um forte aliado da nossa gestão, e o temos apoiado de forma pública”, para, em seguida, responder às declarações de Felipe Camarão à Folha:
– Afirmações diferentes disso tentam apenas nos descredibilizar a nossa parceria junto ao governo federal e os municípios.
NA ‘FOLHA’
O texto da Folha de São Paulo lembra que “por acordo feito ainda em 2022, o governador Carlos Brandão (PSB), respaldado pelo agora ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino, sairia para o Senado ano que vem e apoiaria o vice na disputa pelo Palácio dos Leões. No entanto, Brandão e Dino se afastaram e o atual governador maranhense tem costurado o nome de seu sobrinho Orleans Brandão para substitui-lo no cargo.
“Sabe quem é o maior prejudicado com isso? É o Lula. Porque se o nosso time se divide aqui, como o Brandão está rachando o nosso time aqui, o maior prejudicado vai ser o Lula, porque a tendência é a votação dele cair aqui no Maranhão se a gente sair separado”, afirma Camarão.
Ele defende uma recomposição do grupo para que a eleição do petista não seja afetada. “Eu posso afirmar com absoluta convicção que o melhor caminho é a unidade para o projeto nacional. Eu sou o único vice-governador do PT no Brasil. Minha prioridade zero é a reeleição do presidente Lula. Depois que eu vou pensar na minha, né?”, afirma.
“Se o time sair dividido, pode haver no Maranhão um terceiro agente fora do Lula que pode vencer as eleições do ano que vem. A gente pode ter dois prejuízos. O Lula cair bem a votação e outro nome vencer o governo”, complementa. Um dos nomes que é ventilado para disputar é o do atual prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD).
Para tentar reforçar a união em torno do seu nome, Camarão se aproximou do novo presidente do PT, Edinho Silva. “É óbvio que a gente tinha esse acordo firmado e confirmado com o presidente Lula como avalista, a Gleisi [Hoffmann] como avalista, e aí entra o Edinho agora”, afirma.
“Eu fiz parte da chapa como delegado nacional, fui eleito com o Edinho, e o Edinho já me reafirmou várias vezes, como a Gleisi, como o Ceciliano, o Wellington Dias, que a prioridade é nossa de ser a candidatura do Lula aqui no Maranhão no ano que vem.”