
Segundo anuncia o Palácio dos Leões, o governador do Maranhão, Carlos Brandão (sem partido), tem agenda para esta sexta-feira (31/nov), com o presidente Lula, em Brasília. O encontro vai ocorrer em meio a um dos momentos mais tensos da política maranhense dos últimos anos. As denúncias de arapongagem dentro do próprio governo, as revelações de conversas comprometedoras entre aliados, e as recentes exonerações de secretários ligados ao grupo do ministro do STF, Flávio Dino, configuram um cenário de desconfiança e rearranjo de forças no núcleo do poder estadual.
A “pacificação” desejada por Lula, declarada publicamente em Imperatriz, parece mais um apelo político do que uma expectativa real de conciliação. Na prática, o que se desenha é uma disputa cada vez mais nítida entre o grupo do ministro Dino — que ainda detém forte influência em setores do governo e da base parlamentar — e o núcleo mais próximo de Brandão, que busca afirmar autonomia e consolidar liderança própria, sobretudo mirando o pleito de 2026.
Para Lula, o Maranhão tem peso simbólico e estratégico: é o Estado natal de Dino, ministro de confiança e peça importante na sustentação política e jurídica do governo federal, mas também um reduto onde o PT e aliados precisam manter coesão. Por isso, o presidente tende a agir como mediador, tentando conter o desgaste e evitar que a disputa interna comprometa o alinhamento político regional.
Já para Brandão, o encontro representa uma oportunidade de se reafirmar como gestor leal ao governo federal, mas independente das amarras do grupo que o alçou ao poder. O tom da conversa deve oscilar entre diplomacia e franqueza — uma tentativa de mostrar que pode manter o Maranhão estável e governável sem romper completamente com Dino, embora os fatos indiquem que o afastamento político já esteja em curso.
Em resumo, da reunião de amanhã não se deve esperar uma reconciliação plena, mas talvez um pacto de conveniência: Lula buscando preservar o equilíbrio interno e Brandão tentando ganhar tempo e espaço. O pano de fundo, contudo, é o mesmo — um governo estadual dividido, com rachaduras expostas e uma elite política que parece ter perdido o senso de discrição e unidade.
 
				 
											







